quinta-feira, 12 de junho de 2008

Contos I

VIDA! VIDA! VIDA!

Um dia José decidiu abandonar o nordeste, saiu de casa cheio de esperanças, com uma sacola cheia de roupas velhas e muita vontade de progredir na vida. Despediu-se da Maria e de seus dois filhos menores. O ônibus traque! Traque!, seguiu rumo a são Paulo, cidade grande, cheia de empregos e bons salários. Depois de setenta e duas horas de traque! Traque! E calo onde não devia, chega-se ao destino e encontra a sua primeira decepção. Tem tanta gente no terminal rodoviário que José pensa que é o fim do mundo e a rodoviária é um abrigo antiaéreo [ouviu essa palavra na TV]. Depois de esperar quase uma hora, o seu parente aparece.
- Olá Zé
- Olá Antônio
O que está acontecendo aqui? Indagou José.
Antônio, seu primo e cunhado, disse de pronto:
Nada não homem! Isso aqui é Sampa, cidade grande, não está acontecendo nada, todo esse tumulto é perfeitamente normal. Vamos zarpar que o nosso buzão está prestes a sair. Replicou Antônio.
- O que é buzão? Perguntou José.
- Ora homem é transporte coletivo.
Nunca tinha ouvido esta palavra, retrucou José. Vamos embora que a sua irmã está preparando um almoço especial só para comemorar a tua chegada homem!
- Vamos então disse José.
Depois de quarenta minutos chegaram ao destino e então aconteceu a segunda decepção.
_ O que é aquilo Antônio? Parece gaiola gigante. Não é gaiola José é a nossa cidade. Nossa? Sim é onde tu vais morar e depois que você se arrumar na vida irás trazer a Maria e os pequeninos. Tem certeza que isto é uma cidade? Sim claro que sim José?
Fique tranqüilo , já conversei com um chegado meu e ele vai te arrumar um trampo.
_ O que é trampo Antônio? Ora homem!!! Trabalho, lugar onde você vai ganhar tua fortuna e comprar a tua casa. Casa? Sim José, tudo isto que você está vendo são casas para gente igual a nós.
Mas, cunhado você não me informou que isto era o tipo de vida que eu ia ter aqui? Ora homem se eu tivesse falado você não viria e tu e tua família ia morrer de fome lá.
_ Olá meu irmão! Que prazer enorme em revê-lo! Disse Geruza ao ver o seu irmão chegar com o seu marido. Estou bem disse José. Bem? Sim, depois de tudo que já vi e presenciei, estou muito bem.
José homem forte e vigoroso, não se deixou abater pelos problemas e dificuldades e logo começou a trabalhar na construção civil e, logo em seguida conseguiu com muito sacrifício ajuntar um pouco de dinheiro e comprou a “sua casa” [ um barraco de madeira, com uma cozinha minúscula e um banheiro], germinado com vários outros, onde se ouvia todas as conversas dos vizinhos. José então realizou seu sonho e mandou o dinheiro da passagem para que a Maria viesse com as crianças. Depois das decepções na chegada, Maria decidiu ficar e ajudar o marido, tomando a decisão de trabalhar também, para colaborar nos projetos do marido e juntos construírem uma nova vida. Maria conseguiu emprego de doméstica e logo colocou a mão na massa. Como a sua filha mais velha já estava com doze anos de idade, Maria decidiu deixar sob sua responsabilidade o cuidado dos dois irmãos menores, Lucas de oito anos e Marcos de dois, Aline a irmã mais velha, mostrou-se eficiente na tutela dos irmãos e o casal teve mais tranqüilidade para trabalhar. No primeiro pagamento da Maria, ela levou toda família para passear no parque. Foi uma festa. Na quarta feira, José ao sair para o trabalho, notou que o pequeno Marcos estava um pouco abatido.
_ Tu tens alguma coisa fio?
_ Não pai, tenho nada não.
Pai e mãe foram trabalhar. Ao voltar para casa, Maria percebeu que Marcos estava amuado.
_ O que esse menino tem Aline?
_ Nada não, ele só ta quentinho.
_ Quentinho? Gente! Ele está ardendo em febre. Logo José chegou e saíram correndo com o pequeno Marcos para o pronto socorro público. Chegando lá o médico tranqüilizou o casal: Podem ficar sossegados ele só precisa passar a noite aqui.
_Doutor nós precisamos ficar?
_ Não, não, podem ir para casa e dormir numa boa.
O casal assim o fez e no dia seguinte saíram mais cedo de casa para passar no hospital. Ao chegar lá tiveram a triste notícia:
_ Seu filho piorou e não resistiu.
O casal providenciou o enterro do filho. Continuarem sua vida em busca de dias melhores. Dois meses depois, ao chegar em casa, Maria encontrou Aline com os mesmos sintomas de Marcos e resolveu não levá-la ao hospital onde tinha levado o outro filho e logo que José chegou, partiram para outro hospital público e ao chegar lá, o médico disse as mesmas palavras: Não se preocupem é coisa boba, logo, logo ela vai estar curada. Por precaução, Maria decidiu ficar com a filha e José voltou para casa. Quando José ia deitar, Maria chegara com a notícia de que a filha havia falecido. No velório ficaram se perguntando por quê? Por quê? Não havia respostas e continuaram a sua rotina, até que um belo dia Maria ligou para o serviço de José, avisando-o que Lucas estava com o mesmo sintoma dos outros filhos, pois este ia junto com a Maria para o seu trabalho, visto que o casal não tinha com quem deixar o filho.
_ Vamos levá-lo para o médico? Indagou José.
_ Mas, o que eles vão falr?
_ Não sei Maria. Só sei que é meu dever fazer isto. E assim foi feito.
_ Não é nada não, disse o Dr. Agusto. Isso passa logo. Desta vez decidiram ficar os dois nohospital e a história se repetiu, o pequeno Lucas não resistiu a febre alta e morreu. O casal decidiu não ter mais filhos até que eles tivessem condições de mudar de residência. Começaram a trabalhar com o firme propósito de comprar uma casa fora da favela. Passados alguns neses, Maria recebeu a visita do encarregado de José, que lhe relatara que o mesmo havia sido internado num hospital com uma febre muito alta. Maria largou os seus afazeres e foi direto para o hospital. A história se repetiu e o José partiu. No velório Maria, num lampejo de histeria incontrolável, gritava para todos ouvirem: Vou me vingar deste mundo, de tudo e de todos. Vou votar no Paulo...

CAÇADA EM MACUCO

Macuco é uma cidade do interior do Rio de Janeiro, situada a mais ou menos trezentos quilômetros da capital. Lá vivem pessoas humildes, dedicadas ao trabalho, principalmente na roça. As famílias mais abastardas vivem em fazendas, onde o objetivo principal é o trabalho. Em uma dessas fazendas mora um moço chamado Alfredo, com uma jovialidade muito aparente e que chama
A atenção das pessoas, este tem muitos sonhos. Alfredo não perde as festas pro9movidas numa casa modesta, situada bem no centro da cidade. As festas começam sempre às 18h00 e termina às 24h00, Numa noite de calor, Alfredo estava tomando um ar na sacada da casa de festas, quando José, o seu melhor amigo, aproximou-se e lhe fez a seguinte indagação: por que Márce nunca vem à festa?
_ Quem é Márce? Indagou Alfredo, muito curioso.
José então disse: é uma moça muito bonita que é filha do coronel Robervaldo, coronel Robervaldo? Perguntou Alfredo.
- Sim homem, aquele fazendeiro que tem um carro importado, um tal de Toyota.
- Não me recordo desse nome e do carro que você citou José!
- Então vou clarear a sua mente. Essa menina não é uma mulher é um avião. Você está maluco José? Não estou não amigo,
- É que você ainda não apreciou a beleza da peça.
- Está bem disse Alfredo.
- Então nós vamos lá ver esta beleza de perto.
Combinaram dia e hora e foram. Quarta feira as 04h00 da manhã estavam lá no alto da colina. Alfredo e José, com binóculos de longo alcance e começaram apreciar a beleza de Márce. Alfredo deu um grito tão alto que o capataz da fazenda, que estava na porteira principal ouviu e ficou preocupado, só que eles se abaixaram e o capataz não conseguiu ver nada. Alfredo então perguntou. Você tem certeza que é uma mulher? Sim lógico que sim. Alfredo insistiu: você já viu uma mulher cuidando de gado? Deixa de besteira Alfredo, os tempos hoje são outros, os direitos são iguais. Alfredo então perguntou: como essa beleza toda nunca apareceu na cidade? É o pai, ele não deixa ela sair para canto nenhum. E como vamos fazer para nos aproximarmos dela? Vamos bolar um plano. Que plano José?Calma homem, temos que pensar, pois precisamos tirar o pai e o capataz da fazenda.
_ Alfredo homem de sorte! Exclamou José! Já encontrei a solução.
_ Então diga homem! É simples caro colega no próximo dia 13 de junho é dia de santo Antônio e o capataz todo ano pede licença ao patrão, para visitar sua família e participar das festividades. Mas e o pai? Disse Alfredo.
_ Sim companheiro é ai que entra a nossa armação. Nós vamos promover uma caçada para toda a cidade de Macuco, com entrega de um bonito troféu para o vencedor. Mas quem vai bancar o referido troféu?
_Você
_ Eu?
_ Sim você é o mais interessado em conhecer a beldade.
_ Então quebre o seu cofrinho de estimação e compre o bendito troféu.
_ E o meu pai?
_ Ele também vai participar da caçada e quem pegar o maior bicho em duas horas receberá o troféu, além de ter o direito de levar as demais caças abatidas pelos demais participantes.
_ Você acha que o pai da Márce vai topar participar da caçada?
_ Acho que sim, dizem que a casa dele é cheia de troféus e que ele nunca deixou de participar de um desafio nesta cidade.
_ Então vamos nessa companheiro.
_ E qual vai ser o plano?
_ Simples, enquanto todos estiverem preocupados em caçar bichos, nós vamos caçar a beldade.
_ Legal! Disse Alfredo.
Os dois arranjaram uma desculpa com suas respectivas famílias e foram a cidade vizinha comprar o troféu. Compraram o mais bonito que existia em toda a região e voltaram rapidamente, a fim de fazerem a divulgação. Contrataram os serviços gráficos para fazer os panfletos e a ficha de inscrição. Após a divulgação, as inscrições começaram a chegar e logo no início, perceberam que o coronel Robervaldo já havia feito a sua. A alegria e empolgação tomaram conta dos dois e o tal dia treze chegou.
Todos montados em seus cavalos e com suas respectivas armas.
O sinal foi dado e todos partiram em direção a meta, menos os dois amigos que partiram em direção a fazenda do coronel Robervaldo.
Ao se aproximarem da entrada principal, perceberam com surpresa que Márce estava na porteira e estava uma noite muito agradável, com uma lua estonteante iluminando tudo e a todos. Ao chegarem na porteira, Márce abriu um grande sorriso e perguntou: o que houve?
_ Vocês perderam o caminho da caçada?
_ Não, respondeu prontamente Alferedo: Nós viemos conhecer essa escultura em forma humana.
_ Márce, então não se conteve e soltou uma enorme gargalhada que deixou os dois intrigados.
_ Alfredo, o mais eufórico dos dois, foi direto ao que interessava e perguntou: por que você não vai a cidade ou a festa? Você é uma moça muito bonita, para ficar trancada em casa.
_ Márce gargalhou novamente e respondeu: em primeiro lugar meus camaradas eu não sou moça: sou macho igual a vocês. A única diferença é que não tenho muita barba, porquê sou descendente, muito longe, de orientais e minha barba é só alguns fios. Em segundo lugar aqui estão os meus documentos. Falando isto Márce abriu o zíper e mostrou os autênticos documentos. Alfredo e José nem olharam para trás e zarparam numa louca cavalgada de volta à cidade. Quando estavam chegando, José perguntou: você viu os documentos? Sim vi, disse Alfredo, e que documentos!Meu camarada!!!...

A ESCOLHA

Rosilda, uma moça muito bonita, simpática e meiga, morava em uma pacata cidade do interior de Minas Gerais, chamada chapula.
Essa aproximadamente três mil habitantes e é tão pequena que quando alguém respira o vizinho fica sabendo.
Rosilda tinha um grande sonho. Seu pai, como era próspero fazendeiro, resolveu realizar o sonho da filha e assim que ela terminou o colegial, ele a enviou para Belo Horizonte, a fim de que a mesma pudesse estudar e Rosilda não decepcionou o pai. No primeiro vestibular passou e logo iniciou o curso de agronomia. Após cinco anos, os pais receberam o convite da formatura e a família se reuniu para a festividade. Durante as comemorações na capital. Rosilda apresentou os seus amigos e o Antônio seu namorado e esse combinou de pronto a data do noivado com a Rosilda. Após um mês, como haviam combinados no dia da formatura, Antônio viajou para Chapula como o anel de noivado e ao chegar na fazenda do futuro sogro a resta já estava pronta e foi só alegria. A festa rolou até altas horas. Como os dois já estavam formados, resolveram marcar imediatamente a data do casamento.
Do lado de Rosilda não houve problemas em conseguir os padrinhos, pois ela foi nascida e criada em Chapula. Antônio encontrou algumas dificuldades, até que ele lembrou-se do Geraldo, seu melhor amigo, que também estava noivo e poderia aproveitar a própria noiva como madrinha. Depois de tudo combinado, Antônio marcou um dia para que o Geraldo e a noiva conhecessem a fazenda e a família da Rosilda. Ao chegarem na fazenda, Geraldo e a noiva foram muito bem recebidos e Rosilda não tirou o olho do Geraldo. Antônio havia percebido a atitude da noiva, mas como ele era o padrinho do casamento e já estava tudo aertado, ele não deu muita importância para a atitude de sua noiva. Passados alguns dias, Antônio havia retornado para a capital, a fim de continuar os seus trabalhos e projetos.
Rosilda ligou para o noivo e pediu que ele fosse até a fazenda com a máxima urgência. Antônio não conseguiu saber os motivos pro telefone e não teve outra alternativa a não ser ir até a fazenda.
Lá chegando Rosilda o esperava muito aflita.
_ Antônio perguntou: o que houve? Nada fora do normal, respondeu rosilda.
_ Então fale logo mulher!
_ Sente-se, disse ela, pois é muito sério e sem retorno.
_ Antônio sentou e rosilda disse de uma só vez: não vou me casar com você.
_Como? Indagou Antônio. É isso que você ouviu. Não vou me casar com você.
_ Mas Rosilda! Faltam dez dias pra o casamento.
_ Não se preocupe Antônio, meu pai é influente na cidade e já está tudo cancelado.
_ Mas como? Insistiu Antônio. E qual é o motivo que levou você a tomar esta decisão? É simples, falou Rosilda, o seu amigo .
_ O Geraldo? Sim, o Geraldo, concluiu Rosilda.
_ Eu me apaixonei por ele na primeira vez que o vi.
_ Está bem Rosilda, mas eu vou atrás do Geraldo e ele vai me confirmar essa história.
_ Não é preciso, disse Rosilda. Ele está aqui. Aqui? Espantou-se Antônio. Sim eu vou me casar com ele.
_ Com ele? Sim respondeu a ex-noiva.
_ Eu não acredito? Sim, Antônio é verdade, disse Geraldo.
_ Eu também me apaixonei pela Rosilda, assim que a vi pela primeira vez.
_ Bem já que eu fui apunhalado duplamente eu não tenho mais nada para fazer aqui, esbravejou Antônio. Vou retornar para minhas atividades e esquecer toda essa estranha hirtória.
Os dias seguiram até a data do casamento. Dia vinte e três de dezembro, esta era a data do casamento.
Toda a cidade estava dentro e fora da igreja. Não se sabe de onde apareceram tanta gente. A cerimônia estava marcada para as dezenove horas e como é de praxe a noiva só chegou as dezenove e quarenta minutos. Rosilda estava linda e o Geraldo já estava aflito de tanta espera. A música tocou e Rosilda adentrou a igreja, para deliro de todos. Tudo transcorria normalmente.
Como é de praxe o padre fez a célebre pergunta: se alguém tem algo contra este casamento, fale agora ou cale-se para sempre. Foi neste instante que o Antônio gritou lá do fundo da igreja: Eu tenho.
_ Tem? Sim tenho, respondeu Antônio.
_ Então diga logo! Exclamou o padre.
_ Este rapaz é meu disse Atntônio.
_ O quê? Indagou o pai da moça. Mas o que é isto? Espantou-se o padre.
Não precisou muitas palavras e próprio Geraldo confirmou as palavras de Antônio e os dois saíram da igreja de mãos dadas...

EMANCIPAÇÃO

Jonária é uma cidade pacata e sossegada, situada no interior de Goiás, com aproximadamente mil e seiscentos eleitores, que estão lutando a mitos anos por sua emancipação. O mais interessado no assunto é o seu Fidélis, homem valente, pai de doze filhos, sendo oito homens e quatro mulheres. Em segundo lugar vem o seu Anacleto, homem sereno e calmo, pai de dez filhos e com uma capacidade enorme de fazer contas e contar histórias, principalmente de pescarias. Como o governador do estado e o prefeito nunca deram muita importância para tais reivindicações, eles encaminharam toda a documentação, juntamente com o abaixo assinado, em que 98% dos eleitores assinaram, diretamente para o governo federal e este de imediato encaminhou uma comissão para estudar e avaliar a situação. Em sessenta e cinco dias, a avaliação foi concluída e o governo federal ficou de estudar e dar uma resposta definitiva para o povo daquela localidade. Passado o prazo estipulado, a comissão de representação da cidade dói ao congresso, para falar com o presidente. Lá chegando os Srs. Fidélis e Anacleto foram recebidos por ele e de imediato receberam a resposta, com o numero do decreto e a confirmação de que após dois anos a contar de abril de 1991 até abril de 1993, a cidade estaria emancipada e que os dois deveriam, a partir de 1992, organizar as eleições para prefeito e vereadores da cidade. Assim ao retornarem para Jonária os dois de imediato convocaram uma reunião com os moradores e iniciaram as conversações sobre as condições para candidatura de prefeito e vereadores. De pronto o Sr. Anacleto declarou que ele não seria candidato, nem para prefeito e nem para vereador. Então o Sr. Fidélis aproveitou a ocasião e o elegeu juiz eleitoral, visto que o mesmo tem a fama de ser bom de conta. Feito todos os tramites legais para as candidaturas, iniciou-se logo a campanha dos candidatos e as eleições já estavam definidas para o dia sete de setembro de 1993.No dia das eleições o povo compareceu em massa para votar, até as crianças, pois pensavam que tratava-se de uma grande festa. Finalmente à 17h00 encerrou-se o escrutínio e o Sr. Anacleto recolheu as duas únicas urnas e o seguranças o levaram até uma sala previamente designada para que ele começasse a contagem dos votos.Ele imediatamente iniciou o seu trabalho e ao final de cinco dias o resultado foi afixado nas paredes do colégio da cidade e o resultado foi o seguinte: dez votos para o primeiro candidato a vereador, dez votos para o segundo, dez votos para o terceiro e sucessivamente até o décimo candidato, que foi o número máximo de candidatos e dez votos para nulos e brancos. Para prefeito não foi diferente: dez votos para o Sr. Fidélis e dez votos para o Sr. Onório. O povo não deu muita importância para o resultado das eleições, mas os dez candidatos a vereador e os dois candidatos a prefeito começaram a fazer contas, inclusive arrumaram uma calculadora a base de manivela e começaram a somar e somar e dividir, e, finalmente concluíram: tem algo errado. Chamaram o Sr. Anacleto, que estava a beira do riacho, fortemente armado de vara de pescar e farta munição de minhocas. Sr. Anacleto venha conosco! Disse Fidélis. Como? Sim venha conosco! Replicou Fidélis, mas o que houve? Vamos até a sede a apuração. Chegando lá e após várias horas de perguntas e respostas sem solução alguma, indagou-se finalmente: Onde estão os papeis dos votos? Ora! Ora! Soh! No último dia da apuração estava um frio terrível e eu aproveitei os papeis a acendi o fogo na lareira com eles. Não! Exclamou o Sr. Fidélis. Após muita discussão e segura cá e segura de lá, senão o caos seria total, decidiram convocar alguém do congresso, para decidir quem seria o prefeito e o vereador, visto que nenhum candidato desistiu e cada um se aclamava vencedor. Depois de muita vigília no congresso, conseguiram junto ao TSE a designação de uma juíza para verificar o ocorrido. Dna Amália chegou no dia e hora marcados e logo foi interrogando o Sr. Anacleto. Após várias horas de crises nervosas, Dna Amália berrou para o Sr. Anacleto: Vou ter fazer uma pergunta bem simples e fácil de responder: O Sr. e Analfabeto? Não! Não! Não! Meu nome é Anacleto...

O TREINADOR

Felisberto um rapaz saudável e valente, sempre teve e alimentou o seu sonho de ser lutador de boxe, mas na adolescência não conseguiu apoio e o tempo passou e sua juventude começou a findar-se. Ele então decidiu escrever um livro e provar para todo mundo que ele conseguiria vencer qualquer luta, com qualquer lutador. Começou a divulgar sua idéia pelas vizinhanças e montou o seu QG na sua própria residência e uma academia particular no sub-solo da mesma. Iniciou-se prontamente as primeiras linhas do seu livro, desafiando mundo e fundos, além de colocar uma página na internet, onde ele deixou sua foto e suas características físicas: um metro e cinqüenta e nove centímetros de altura, noventa e cinco de bíceps, setenta e cinco de cintura etc. No final da página, deixou um desafio: “se você não acredita, faça-me uma visita”. Felisberto continuou trabalhando nas linhas seguinte do seu livro, até que um belo dia um vizinho seu, que não gostava do baixinho, por causa de uma namorada que o trocou pelo Felisberto, resolveu aceitar o desafio e visitou o desafiante. Logo que chegou, Felisberto o saudou sem nenhum ressentimento. Entre amigo! A casa é sua. Ariovaldo ficou meio cabreiro com o cumprimento do individuo, mas relaxou. Então a que devo a honra de sua visita? Perguntou Felisberto. Bem eu vi o seu site na internet e resolvi conferir. Muito bem meu caro amigo, disse Felisberto, é muito simples, basta você descer até o sub-solo e conversar como o meu treinador por cinco minutos e em seguida eu desço e iniciamos a luta. Ariovaldo estava doido para acertar as contas com o vizinho e não perdeu tempo desceu correndo as escadas. Chegando lá deparou-se com um homem extremamente assustador, com dois metros e quinze de altura e mais ou menos um metro de largura que logo foi dizendo: eu sou o treinador do Felisberto e todos que vierem aqui, primeiro luta comigo e em seguida com ele. Ariovaldo desistiu da luta bem antes dos cinco minutos e subiu numa velocidade assustadora. Felisberto que estava tranqüilamente sentado a frente do micro, perguntou: já desistiu? Sim, respondeu Ariovaldo. Você tem toda razão, apesar de sua aparência frágil, você pode vencer qualquer luta e pode citar o meu depoimento particular em seu livro. Felisberto continuou e uma semana depois, não se sabe como, vieram cindo lutadores famosos e Felisberto ficou meio assustado. Após alguns minutos de conversa com o seu treinador, Felisberto voltou e deu a notícia para os cinco lutadores. Eu concordo em lutar com todos de uma só vez e vai ser estilo “luta livre”. Vocês têm meia hora para pensar. A luta vai ser vocês contra eu e depois da luta nós vamos gravar os depoimentos. Os cinco ficaram meio perdidos e resolveram conversar a sós, pediram licença ao Felisberto e retiraram-se. Felisberto já sabia que o seu orientador sabia lutar qualquer coisa e que ele já havia enfrentado dez lutadores de uma só vez. Depois de vinte minutos os cinco voltaram e aceitaram o desafio. Felisberto agiu da mesma forma e falou para os seus oponentes. Desçam e depois de cinco minutos de conversa com o meu treinador eu vou descer. Eles assim fizeram e após quatro minutos os cinco voltaram cambaleando e quase desmaiando. Então Felisberto lhes lembrou, agora está na hora do depoimento de vocês e este ligou o gravador e começaram as perguntas. Após muitas perguntas e respostas, Felisberto falou-lhes: vou fazer a ultima pergunta e pensem bem antes de responder. Felisberto perguntou: O que é mais importante numa luta, o conteúdo da mesma, a qualidade ou o treinador? Responderam todos em uníssono: O TREINADOR.

PRETA DE PETROLEO E OS ONZE ANÕES

Amávia é uma jovem muito bonita, de pele branca, quase alva, olhos verdes. Morava numa casa muito bonita e muito espaçosa, no meio da floresta, com seus onze amigos. Seus amigos são lenhadores e todos os dias saem cedo para os afazeres. Amávia ficava em casa cuidando dos afazeres domésticos e das criações, além de preparar o almoço para todos. Todos os dias os doze amigos tomavam o café da manhã juntos e os onze saiam para o bosque para efetuarem suas tarefas. Buscavam geralmente madeiras para transformá-las em lenha e alguns objetos de arte. Amávia seguia sua rotina, alimentando as galinhas, os patos, os porcos e os pássaros, que faziam uma grande festa todos os dias em agradecimento pela alimentação. Certo dia Amávia estava caminhando pelo bosque colhendo morangos, para fazer uma deliciosa torta para o pessoal. Quando retornava para casa ela percebeu que tinha uma pessoa em frente ao portão de sua casa.
_ Bom dia moça, disse Josaldo
_ Bom dia retribuiu-lhe Amávia
_ A senhorita mora aqui? Sim! Pro quê?
_ Bem é que eu sou da companhia de petróleo da cidade e estou aqui para comprar a sua casa.
_ Mas, nós não estamos vendendo a nossa casa! Replicou-lhe Amávia.
_ Sim nós sabemos, mas a nossa proposta é muito boa e o peço também.
_ Olha moço, eu não sei nada de nada e os donos da casa não estão aqui, caso o Sr. Deseje conversar com eles, retorne mais tarde, após as dezenove horas, pois é o horário em que eles retornam para casa.
_ Está bem senhorita Amávia, retornarei depois das dezenove horas, disse Josaldo.
Assim que os onze amigos chegaram, Amávia contou-lhes o que havia ocorrido e Astarco, o mais exaltado desles gritou: _ vamos queimar este homem numa fogueira aqui mesmo!
_ Calma, falou Alex, vamos esperar.
Exatamente às dezenove horas e dez minutos o Josaldo chegou e após as devidas apresentações, Josaldo mostrou-lhes um mapa, onde havia a floresta toda, mais a casa deles com uma marca, para caracterizar o ponto exato. Então Alósio perguntou ao homem da companhia de petróleo: qual o interesse de vocês em comprar nossa casa?
_ É que ela fica exatamente embaixo de um lençol de petróleo, respondeu Josaldo.
_ Petróleo! Exclamou, Joaldo. Sim petróleo, confirmou Josaldo.
_ E o que é petróleo? Perguntou Dunda, o menor e mais novo deles.
Josaldo, então fez uma explanação minuciosa do que é e para que serve o petróleo. Os onze anões e Amávia combinaram com o homem da companhia de petróleo que iriam estudar o caso e depois dariam uma resposta. Depois de muitas discussões e ponderações, chegou-se a um consenso comum de que a venda da casa seria o fim de toda a floresta e de toda a liberdade de vida que eles tinham naquele lugar. No dia acertado o homem da empresa de petróleo, retornou para saber a resposta e eles prontamente informaram-no que a propriedade não seria vendida. Josaldo ficou muito irritado, mas diante da isistência dos doze ele não teve outra alternativa e foi embora.
Passados alguns dias, todos perceberam grande movimentação no bosque, máquinas e homens trabalhando a todo vapor. No domingo, como de costume, Amávia e os onze amigos foram fazer o seu tradicional piquenique e perceberam que a floresta não era a mesma. Quase não havia pássaros, para comer os farelos dos bolos, os animais estavam todos assustados. Na segunda feira os onze foram para sua rotina e Amávia foi cuidar dos seus afazeres e de repente ela percebeu que estava chovendo, mas ela achou muito estranho, pois o sol brilhava com uma intensidade muito grande e ela n/ao se importou e ficou toda molhada. Quando Amávia entrou dentro de casa, ela percebeu que seu corpo e saus roupas estavam pretas. Foi até o espelho e confirmou, tudo estava preto. Tirou imediatamente a roupa e foi tomar banho, mas para surpresa sua, quanto mais ela esfregava, mais preta ficava. Quando os onze voltaram encontraram-na sentada, quase desfalecida, olhando pela janela, observando o estrago que tinha acontecido lá fora. Tudo estava sujo, manchado de preto. Os onze só reconheceram Amávia, quando ela falou alguma coisa e eles assustados perguntaram o que havia acontecido. Então ela lhes contou o que havia ocorrido e apontou-lhes a floresta, que estava toda manchada pela chuva. Eles perguntaram: Que chuva? Essa que deixou tudo preto, inclusive eu. E assim preta de petróleo e os onze anões seguiram suas vidas na EX-FLORESTA bela e formosa.

A HISTÓRIA REAL

Por volta do ano de 1490, houve um reboliço muito grande na corte portuguesa, visto que um navegador famoso e sua tripulação foram presos, acusados de praticarem atos de pirataria.
Pelo que ficou sabendo os ditos cujos estavam pescando numa região próxima a corte portuguesa.
As caravelas estavam ancoradas perto das janelas do palácio real, onde o rei guardava os seus pertences de valor.
O navegador e seus comandados estavam pescando nessa região. Só que ao invés de jogarem o anzol e a linha na água, eles lançavam na direção das janelas e começaram a pescar os objetos de valor da monarquia portuguesa.
Um belo dia um soldado ficou sem as suas vestes e foi nesse instante que os gajos foram descobertos.
O rei mandou prender o comandante e todos os seus comandados.
Depois de muita discussão na corte, o rei convocou a cúpula do seu reinado para que a mesma tomasse uma decisão, quanto ao destino do comandante e de seus comandados.
Um dos integrantes da realeza teve uma idéia brilhante e falou:
_ Meu rei! Eu tenho a solução para o problema
_ Sim! Diga, dom Manuel
_ Querido rei é sabido que ninguém até hoje conseguiu dobrar o cabo da boa esperança e voltar vivo.
_ Sim dom Manuel! E daí?
_ Qual é sua brilhante idéia
_ Amado rei! É simples, vamos mandar esse comandante e seus comandados para aquela região e junto mandaremos a escolta real, para termos certeza de que eles não voltarão.
_ Sim! Sim! Exclamou o rei
_ A idéia é ótima
_ Um momento! Bradou Manuel III
_ Não podemos executar este ato, pois isto seria execução em massa e seriamos acusados de condenar presos a pena de morte.
_ É mesmo! Falou bem baixinho, o rei.
_ Voltamos a estaca zero, continuou o rei
_Não! Não voltamos a estaca zero, Falou Manuel
_ Então qual é a solução? Perguntou o rei.
_ É simples, nós temos também um homem conhecido por Caminha, que gosta de escrever coisas e as vezes escreve aquilo que não agrada o rei e a corte, podemos enviá-lo junto, para que o mesmo anote minuciosamente toda a viagem e mande as novidades para o rei.
_ Sim! Sim! Vibrou o rei.
Esta é boa! Falou Manuel III
_ E tu o que achas Manuel II? Perguntou Manuel III
_ Acho bom! Respondeu Manuel II.
_ Ótimo! Bradou toda a corte real.
Assim após exaustiva reunião real chegou-se a conclusão de que o comandante e seus comandados seriam enviados para o cabo da boa esperança e que o tal de Caminha iria junto, para fazer um relatório da viagem e enviar o tal relatório para o rei.
Os soldados que guardavam o palácio o palácio enquanto a pescaria acontecia, também foram inclusos na viagem, exceto o que denunciou o roubo.
Depois dos preparativos a caravana partiu e a escolta real os acompanhou até a entrada do cabo da boa esperança. O rei e a corte voltarem a viver dias de grandes alegrias, pois praticamente todos os bandidos do seu país haviam desaparecidos no cabo.
Numa bela manhã de verão, exatamente no ano de 1500, o rei estava curtindo umas férias lá pelos lados da praia, com toda a sua família, quando derepente veio um lacaio correndo e quase desfalecido, gritando, gritando.
_ Meu rei! Meu rei!
_ O que é isto? Perguntou sua majestade.
_É o Manuel III.
_ Isto eu vejo! Seu idiota
_ Desculpe-me meu amado rei?
_ pare homem! Disse o rei
Manuel III, depois de duas horas, mergulhado num tonel de vinho tinto, conseguiu falar.
_ Meu rei o Caminha está de volta?
_ Como?
_ Sim! Meu rei, ele está de volta.
_ Mas, eu mesmo vi! Ele e os outros passaram o cabo, retrucou o rei.
_ Pois é meu rei! Ele voltou
_ Vamos imediatamente vê-lo, bradou sua majestade.
_ Sim! Vamos.
O rei resolveu então deixar a família na sua humilde mansão na praia e voltou com o Manuel III, para interrogar o tal Caminha.
Chegando ao palácio real, o rei ficou abismado ao perceber que realmente era o tal de Caminha que estava sentado numa cadeira, calmamente e com um baú em sua frente, cheio de rolos de papel escritos.
_ O rei foi direto ao assunto.
_ Como voltastes homem?
_ Ora vejas! Não destes ordens para isto?
_ Sim! Sim! Desculpe-me
_ Eu quero saber como chegastes, pois não vejo nenhuma embarcação.
_ Ora! Majestade! É simples, eu peguei carona com um navegador chamado Colombo, que estava retornando, e este confidenciou-me que não gostou das índias e que o seu negócio preferido é pimenta, e cá estou, para dar-te as notícias.
_ E quais são as notícias?
_ São ótimas meu rei!!!
_ Depois de três anos de viagem, quase perecendo nos diversos
mares, finalmente avistamos umas terras e resolvemos verificar as mesmas. Chegando lá encontramos homens e mulheres de pele vermelhas, nus e eles nos receberam muito bem.
Depois das inspeções rotineiras, constatamos que havia muita vegetação da planta pau Brasil.
Após algumas consultas com os nativos e o pessoal do comandante Pedro, resolvemos batizar as terras de pau Brasil, mas como os nativos não condordaram em hipótese alguma, em usar roupas, resolvemos cortar o pau e ficou apenas Brasil.

MODAZOIDE

Amado, homem pacato, sereno, morava numa fazenda muito afastada do povoado e devido a sua idade bem avançada, não freqüentava mais o povoado, visto que seu amigo mais novo já passava dos oitenta anos. Ele tocava sua vida, trabalhava, mas os filhos e netos eram responsáveis pelo bom andamento das coisas. Numa tarde tranqüila, quando o Amado descansava em sua cadeira de balanço, como costumava fazer todas as tardes, ele avistou ao longe um alazão bem conhecido seu e ficou surpreso, quem será que está montando o alazão do meu velho amigo? E mais espantado ficou quando o animal chegou bem próximo dele e este percebeu que era o próprio Antoniano que o montava.
_ Boa tarde meu velho amigo!
_ Boa tarde! Amigão!
_ O que fazes aqui?
_ Trago-te notícias e as últimas novidades.
_ E que novidades são estas compadre?
_ Ah meu velho amigo! Tu não vais acreditar.
_ Como não?
Depois de uma longa pausa, Antoniano resolveu continuar e disse: olha compadre trago-te notícias do progresso!
_ Ótimo, amigo isso é muito bom
_ É só que tu não vais acreditar, quando ouvires.
_ Na cidade vizinha, os homens e mulheres estão tomando banho de rio quase nus.
_Quase nus?
_ E tu dizes que isto é progresso?
_ Pois é compadre, dentro em breve isto estará chegando aqui
_ Como assim?
_ O prefeito da cidade já está construindo a rio/praia, para que o povo possa tomar banho quase nu.
_ Mas compadre, isso não é tão ruim.
_ Sim amigo Amado! Só que por traz disso tudo vem as crianças de doze ou treze anos grávidas.
_Grávidas?
_ Sim! Compadre, e o pior é que dificilmente se sabe quem é o pai da criança.
_ Mas como?
_ Sim e dizem que isto é a nova moda do progresso.
_ É compadre Antoniano, há muito tempo eu já imaginava que isso ia acontecer e eu até sei o nome dessa moda.
_ Sabe?
_ Sim sei
_ E qual é esse Nome?
_ É MODAZOIDE. ...

FAMÍLIA

Anaclésia, uma loura muito bonita e simpática, nasceu e foi criada em amoropólis, distante cerca de quatrocentos quilômetros da capital do Amazonas. Seu pai, coronel Ariosto, sempre a incentivou a estudar, pois queria ver a filha formada em medicina. Quando Anaclésia terminou os estudos, ele mandou a moça para a capital, a fim de que a mesma prestasse o vestibular na melhor universidade privada do local. A moça seguiu acompanhada do motorista e um segurança e foi prestar o vestibular. Passados os dias previstos para o resultado, todos ficaram muito contentes, pois a moça havia conseguido uma boa colocação na classificação do vestibular. O coronel foi pessoalmente com a sua filha fazer a matrícula na universidade e providenciar a compra de um apartamento bem próximo a faculdade, para que a filha não tivesse muito transtorno em ir e vir. O primeiro ano passou e anaclésia não se adaptou ao curso de medicina. Ela resolveu prestar novo vestibular e seguir a carreira de magistrado. Anaclésia havia conhecido o João e este lhe deu todas as informações do curso de direito e esta ficou muito interessada em cursá-lo. Para não contrariar seu pai, ela resolveu não contar-lhe sobre a sua decisão. Os anos foram seguindo e o coronel ficou meio intrigado, quando sua filha lhe contou que faltava ainda um ano para sua formatura. No ano seguinte, ela finalmente se formou e seu pai não pôde comparecer a cerimônia, visto que teve um compromisso urgente fora do país e mandou um de seus empregados representá-lo, pois o mesmo era viúvo. Os anos foram passando e Anaclésia finalmente conseguiu uma promoção para ser juíza assistente, através de seu amigo João, este estava pesquisando sobre a vida criminosa dos coronéis da região e de imediato avisou a sua amiga.
_ Antes de você aceitar este cargo pense bem
_ Você pode encontrar coisas estranhas
_ Que coisas João?
_ Seu pai pode não ser o que você imagina que é
_ Você está louco João!!!
_ Meu pai sempre foi um homem honesto
_ Está bem Anaclésia! Respondeu João
_ Mas, pense um pouco, antes de aceitar o cargo
A moça aceitou de imediato e começou a trabalhar na sua nova função. Passados dois anos, João descobriu que o coronel Ariosto era o mandante de vários crimes acontecidos na região.
Ele chamou a sua amiga e lhe mostrou o seu relatório. Novamente ela ficou muito brava com o João e não quis nem olhar os documentos. Naquela noite Anaclésia chegou em casa cansada e foi direto tomar banho. Quando ela estava debaixo do chuveiro, um homem encapuzado, que estava escondido em seu apartamento, saiu de seu esconderijo e foi em direção ao banheiro. Quando este ia abrir a porta do banheiro para atirar em Anaclesia, ele caiu com uma bala na Eçaeça. A moça ouviu o grito do homem e saiu correndo do banheiro, colocou um roupão e saiu rapidamente do apartamento, quando ela chegou na calçada, João vinha em sua direção com sua moto
_Venha Anaclésia.
_ Suba rapidamente
Ela não pensou duas vezes e subiu na moto. João acelerou e depois de algumas horas e passado o susto, João perguntou:
_ O que houve?
_ Não sei, só vi um homem caído em meu apartamento, com uma arma na mão.
_ Vamos voltar e perguntar a polícia.
Eles voltaram e o apartamento estava cheio de policiais.
Depois de várias perguntas e nenhuma resposta positiva ou esclarecedora, João falou novamente para sua amiga.
_ Seu pai está envolvido em coisas estranhas.
_ João você está obcecado por isto?
_ Não! Não estou
_ Ouça-me, eu estou dizendo a verdade.
Ela não deu ouvidos ao amigo e após um ano seu pai resolveu fazer uma festa, só para os familiares e naclésia foi intimada a comparecer.
No dia marcado, ela viajou para a tal festa.
Chegando lá, a moça achou um pouco estranho, pois haviam poucas pessoas na casa de seu pai e o coronel estava visivelmente nervoso. Mas, ela resolveu não dar muita atenção para este fato. Quando chegou a noite seu pai lhe disse: vamos pegar o carro, visto que a festa vai ser na casa de seu tio, que morava distante uns dez quilômetros.
Entraram no carro os dois e mais dois seguranças. Anaclésia estava muito cansada e adormeceu na viagem. Quando ela acordou, haviam várias pessoas encapuzadas e em volta uma grande fogueira. Ela perguntou o que estava acontecendo e seu pai lhe respondeu: nós vamos fazer um sacrifício.
_ Sacrifício?
_ Sim!
_ E o que será sacrificado? Perguntou ela.
_ Você!!! Respondeu seu pai
_ Eu? Sim!
_ Por quê?
_ Você não devia ter desistido do curso de medicina.
_ Você esta muito perto de descobrir muitas coisas
_ Mas? Eu não vou dizer nada!
_ Agora é tarde! Bradou o coronel!
Os homens amarraram a moça e colocaram-na deitada numa mesa. Nesse instante foi dada ordem para acenderem a fogueira e a mesma foi executada rapidamente.
Derepente! Ouviu-se um grito e correram para ver o que estava acontecendo e de imediato perceberam que dois capangas do coronel haviam sido mortos.
Foi o tempo suficiente para João cortar as cordas que amarravam a moça e lhe entregar duas armas e falar para ela:
_ A decisão é sua
Começaram os disparos e depois de alguns minutos, só o coronel estava vivo, além de João e Anaclésia.
Ariosto correu e conseguiu entrar em seu carro e partiu a toda velocidade.
Anaclésia gritou: vamos atrás dele.
_ Não se preocupe minha amiga: disse João, calmamente, eu sou delegado de polícia e as estradas estão todas bloqueadas. Fique tranqüila que ele não consegue escapar.
Os dois pegaram a estrada e pelo rádio João foi informado que o homem havia sido capturado.
Chegando próximo ao pai, Anaclésia olha-o firmemente e lhe diz: Quem diria heim? Nesse exato momento chegou o seu tio, o tal que morava cerca de dez quilômetros, parou perto e perguntou:
_ O que houve?
João soprou nos ouvidos da moça, este também é suspeito.
Anaclésia não duvidou e falou:
_ Vamos sair logo daqui
_ Agora não posso nem pensar em duvidar de você.
O seu tio gritou-lhe! Calma sobrinha! Vamos até a minha casa conversar um pouco.
_ Nem pensar meu tio!!!
_ De família no momento só quero distância.

A OUTRA FACE DO ESPELHO

Ambrosina uma morena muito linda, esbelta, olhos verdes, cabelos extremamente lisos, pele macia, sedosa.
Como toda jovem, ela tinha bastante sonhos e um deles era encontrar um rapaz que fosse a sua imagem e semelhança.
Um belo dia ela estava sentada próximo a uma bela cachoeira, com muitas arvores e um frescor fenomenal, apesar do intenso calor que fazia. Por mera e inesperada coincidência, ela avistou do outro lado da cachoeira um rapaz, que parecia se encaixar dentro de suas convicções.
Era o Teobaldo de Alencar, um rapaz belo, formoso e que também sonhava em encontrar o seu par. Foi uma fusão de olhares e passados alguns dias os dois já estavam namorando.
Teobaldo descobriu logo que havia algo estranho com a moça, pois percebeu que a mesma todos os dias e sempre na mesma hora, ficava bastante tempo na frente do espelho, olhando, olhando e não fazia nenhum gesto. Ele intrigado com aquilo perguntou-lhe:
_ por que olhas tanto no espelho?
_ Hora! Teobaldo! Estou apreciando minha beleza.
A resposta dada não convenceu o rapaz, mas este, para não contrariar a moça resolveu não fazer mais este tipo de pergunta.
E o tempo foi passando, passando, até que eles resolveram se casar.
Tudo foi providenciado e os dois efetivaram o enlace.
Passados alguns meses, Teobaldo ficou muito irritado com a repetição de cena e resolveu perguntar novamente:
_ Querida esposa! Por que ficas a olhar horas e horas para este espelho?
_ Ora meu querido, antes já lhe dei esta resposta e não quero nunca mais ser interrogada sobre este assunto, esbravejou Ambrosina.
Teobaldo que é muito religioso e temente a Deus, resolveu não importunar mais a esposa e decidiu fazer algumas investigações, sem que a mesma notasse suas atitudes.
Começou efetuando algumas passagens na frente do espelho, enquanto ela olhava e o mesmo percebeu que ela não o via ou notava sua pesença.
O rapaz continuou fazendo experiências e sempre obtinha os mesmos resultados. Ele passou um bicho de pelúcia e ela não o notou.
Teobaldo resolveu continuar vivendo normalmente e foi nessa que a coisa começou a engrossar para o seu lado, visto que o mesmo é muito querido nas redondezas e tem muitas amizades.
Quando ele chegava em algum lugar e encontrava alguma pessoa conhecida, era um desastre, pois as pessoas queriam ficar o tempo todo conversando com ele.
Ambrosina começou a perceber que sua beleza só brilhava no espelho e para si própria.
A partir deste instante iniciou-se uma interminável e constante discussão, visto que Ambrosina só pensava em si mesma e queria captar o reflexo do espelho somente para ela e ninguém mais a sua volta poderia sequer pensar em ter vontade própria.
Teobaldo tentou explicar-lhe que o brilho de alguém é o seu interior e não aquilo que se vê no exterior.
Apesar de tudo isso o jovem continuou tentando segurar a onda, mas não deu para segurar a barra e ele teve que tomar uma atitude drástica e radical.
Chamou a moça e disse-lhe:
_ A partir de hoje eu vou procurar o meu rumo e tu faças o mesmo.
_ Mas! Não é possível? Replicou ela.
_ Antes de partir dir-te-ei algumas coisas e espero que vejas.
_ Quem só consegue ver a si próprio, é egocêntrico.
_ Quem só enxerga o brilho da cor das pessoas, o status, a conta bancária, fatalmente vai ficar frente a frente com guerras e batalhas internas.
_ Por outro lado, quem observa apenas o brilho nos olhos dos seus semelhantes, encontra a paz.
... ... ... ...

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